Establishing Our Boundaries Reviewed in Brazil
Anton Wagner
awagner at YORKU.CA
Tue Feb 1 20:25:02 EST 2000
Geraldo Ferreira de Lima's review of Establishing Our Boundaries: English-Canadian Theatre Criticism has been published in three parts in the Brazilian newspaper A Gazeta.
The newspaper's website where the last part of his review (reproduced below) can be found is: http://www.uol.com.br/gazetacuiaba/opiniao/op01020008.htm
The previous two parts of Geraldo's review can be found at the same website, items
op28010006.htm and op29010006.htm
Geraldo is writing his Ph.D. thesis on Canadian drama. He was introduced to ACTR members by Denis Salter and attended the book launch of Establishing at the ACTR conference in Lennoxville.
His summary and identification of A Gazeta follows:
Brief summary of the article:
As the article was written bearing in mind the the Brazilian public (and as this public does not know much about Canadian Drama) it starts with a sort of 'introduction' in which this drama is shown as having reached a surprisely high level of quality and quantity in so short a span of time. In spite of being originated in geographical and historical spaces whose connection to the idea of a unified nation does not seem to be taken for granted yet, this drama has made use of the idea of nationalism to face two problems. First, it had to frighten the ghosts of the colonial mind through the rejection of a kind of drama based on the main European colonizers' matrixes. Then, it had to face less phantasmagoric difficulties and more real ones in its attempt to neutralize the new threat represented by a form of cultural neo-colonialism coming, no longer from Europe, but from Canada's strong neighbour to the South. After this 'introduction', the article shows how important Canadian Drama criticism was to establish an axiology by means of which the indigenous drama from Canada could be recognized as a true form of art; then, it discusses the importance of Establishing Our Boundaries: English Canada theatre criticism in connection with it. The article finishes with a consideration on a quote by John Millington Synge, one the founders of modern Irish theatre, who said that 'drama neither teaches nor proves anything". Different from what Synge thought, Canadian Drama teaches us many lessons. But, maybe, the best one is in the fact that when a people wants, they can change history. The Canadian Drama, in a certain way did it. This is a lesson that, we, Brazilians, should learn. In regard with this, Establishing Our Boundaries: English-Canadian Theatre Criticism would be our first lesson. In it, the Canadian Drama or rather Canadian criticism could teach us how to frighten the ghosts of our colonial condition and build up a reality with less obedience to canons and politics which we have nothing in common with.
Information about the paper and the city/state where the article was published:
A Gazeta is a newspaper from Cuiabá, the Capital of the State of Mato Grosso. This newspaper is one of the two most important newspapers of this inland state of Brazil, situated in the Grande Região Centro-Oeste (Grand Central-West Region). Mato Grosso was settled first by pioneering gold seekers in 1708. It became a province of the Portuguese empire in 1822 and a state of the federal union in 1889. The expedition of the Brazilian explorer Marshal Cândido Mariano da Silva Rondon in the early part of the 20th century furnished the first complete, accurate data about Mato Grosso; some sections of the state, however, remained virtually uninvestigated in the late 20th century. Cuiabá lies along the Cuiabá River. Founded by gold hunters in 1719, the settlement was given the status of a town in 1727 and of a city in 1818. Agriculture and stock raising are now the main economic activities in the surrounding area; the city is a collecting centre for rubber and palm nuts. Thermal electric and hydroelectric plants are located in the area. The city is the seat of the Federal University of Mato Grosso.
A dramaturgia canadense - Um bom exemplo para o Brasil
Críticos e dramaturgos já não mais parecem responder aos novos desafios
Geraldo Ferreira de Lima
Considerado pelo establishment teatral "como decano dos críticos canadenses e fundador do teatro nacional", Whittaker, poderia ser a síntese do que representou a crítica na formação de uma consciência sobre a importância de se ter uma dramaturgia própria. Com metáforas construídas com imagens bélicas como quando compara teatros com "pequenas frotas" ou uma cidade onde ocorre um festival como "uma cidadela de poesia e imaginação teatral", Whittaker foi o crítico-guerreiro lutando em defesa de um teatro de expressão nacional, e como Bessborough acreditava que "o espírito de uma nação, para que encontre completa expressão, deve incluir um teatro nacional".
Além de uma Introdução onde o editor descreve a realização do projeto e comenta os ensaios de acordo com o nível de importância do crítico analisado dentro de uma perspectiva histórica e ideológica, nas outras quatro partes que constitui o livro são discutidos temas que vão desde os críticos-editores e críticos-resenhistas ao nacionalismo cultural e pós-nacionalismo. Embora não se possa dizer propriamente que Establishing Our Boundaries ofereça uma única conclusão, apesar da aparente unidade obtida, semelhante a de uma orquestra na qual os músicos, sob a batuta de um competente maestro têm o completo domínio de ritmo e tom, se quisermos tirar uma conclusão seria a de que a dramaturgia canadense está em crise. Críticos e dramaturgos já não mais parecem responder aos novos desafios que vêm sendo apresentados por uma sociedade que modifica sua configuração com uma rapidez que impressiona.
A dramaturgia polarizada entre a "bifonia" lingüística de francófonos e anglófonos em um ambiente nacional está cedendo lugar a uma "multidramaturgia polifônica" onde o multiculturalismo surge com uma força capaz de estabelecer novos cânones. Com a tendência que se verifica, a perspectiva é de que, rompidos os limites da nacionalidade a que esteve até então restrita, a dramaturgia canadense comece a penetrar o espaço internacional. Como no passado, no entanto, mais uma vez paira no ar a ameaça do imperialismo cultural yankee na forma de megas musicais que nada têm em comum com a alma canadense. Tudo indica que uma nova crise de identidade se inicia. A julgar pelo passado, e por mais paradoxal que possa parecer, falar em crise na dramaturgia canadense pode ser um sintoma de vitalidade e não o contrário, como seria natural inferir-se.
Numa sociedade onde ainda vigoram certos hábitos políticos, que poderiam ser considerados como típicos de sociedades do terceiro mundo - como a fraude eleitoral em eleições provinciais - por exemplo, poder-se-ia perguntar como é que em um ambiente assim foi possível se construir uma dramaturgia com tamanho vigor e potencialidade. Diferente de John Millington Synge, o dramaturgo que, juntamente com W. B. Yeats e Lady Gregory, fundou o moderno drama irlandês e disse que o "drama não ensina nada ou prova qualquer coisa", a dramaturgia canadense tem assinado algumas lições. Uma delas é a de que quando um povo quer, mesmo sob o jugo de pressões colonizadoras ou de culturas hegemônicas, pode-se contrapor ao que o establishment determinou como norma a ser seguida. A outra é a de que não se pode prescindir de uma crítica que forneça os subsídios necessários à percepção de que através do drama pode-se não só aprender qualquer coisa como também pode-se provar qualquer coisa.
Mas, talvez a maior e melhor de todas as lições seja o fato de que, ao construírem uma dramaturgia com elementos autóctones, os canadenses, e isso vale para anglófonos e francófonos, estavam, também, mudando o curso de sua história de povo, que, como nós, foi colonizado e vivenciou a subserviência a cânones com os quais não havia qualquer identificação. Esta é uma lição que valeria a pena ser aprendida, e neste aspecto, a leitura de Establishing Our Boundaries: English-Canadian theatre criticism seria a primeira aula onde o drama, ou melhor, a sua crítica, poderia nos ensinar como espantar os fantasmas de nossa condição colonial e construir uma realidade com menos servilismo e obediência a cânones e políticas com as quais nada temos em comum.
Establishing Our Boundaries: English-Canadian theatre criticism, jun/99. Editado por Anton Wagner, University of Toronto Press. O livro pode ser comprado no site da UTPress: www.utpress.utoronto.ca/publishing/index.htm
Geraldo Ferreira de Lima é professor universitário e doutorando na área de literatura em Montreal, Canadá
gdelim at po-box.mcgill.ca
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